Continuaremos nesta postagem a discutir os principais pontos do artigo O uso do petrolato e de outros derivados de petróleo nos cabelos do farmacêutico Ivan Souza.
Leia a primeira parte da Resposta ao artigo "O uso do petrolato e de outros derivados de petróleo nos cabelos" do Cosmética em foco. |
Seguiremos destacando em caixas de cor acinzentada os trechos do autor, seguidos pelas considerações do Cabeleira em Pé. Seguiremos abaixo de onde paramos na primeira parte.
...nenhum produto cosmético é capaz de nutrir os cabelos. O cabelo é composto por fibras provenientes de células mortas e o que está morto não precisa de ‘nutrição’...
Esse é um mito propagado pela indústria cosmética (que adora a palavra "nutrição") e fãs do cronograma capilar.
Nada contra esse último, só achamos realmente infeliz a escolha do termo "nutrição". Se bem que entre "nutrição" e "lubrificação" tendemos a usar a primeira.
Você já leu a Resenha do Creme Umectante Bang! Óleo de Coco da Tutanat? Confira neste link. |
Os óleos usados na etapa de "Nutrição" do cronograma capilar não "nutrem" os fios.
Eles auxiliam a reposição de gorduras presentes no cimento intercelular (conhecido também como Complexo de Membrana Celular), composto de diversos lipídios (como o esqualeno, triglicerídeos, ácidos graxos, colesterol, ceramidas...)¹.
Confira na série de textos linkados abaixo como fazer escolhas inteligentes ao escolher óleos vegetais para o seu cabelo:
O termo nutrição remete à alimentar. Como o Ivan diz adiante no texto a nutrição (alimentação) dos fios é mais efetiva quando vem de dentro: Alimente-se bem! Isso certamente trará benefícios para suas madeixas.
Mas não deixe de usar óleos, eles tem uma série de benefícios para os seus cabelos. A implicância do Cabeleira em Pé com a "nutrição" é meramente semântica.
Nas minhas pesquisas, eu não encontrei qualquer trabalho que mencione que os óleos vegetais são mais eficientes que os derivados do petróleo em termos de lubrificação e hidratação.
Nós podemos dizer também que: Em nossas pesquisas, não encontramos qualquer trabalho que mencione que o petrolatum é mais eficiente do que os óleos vegetais em termos de lubrificação e hidratação dos cabelos.
O autor cita no início do texto que "Estudos in vivo disponíveis na literatura mostram que o Petrolatum tem maior potencial hidratante para a pele seca que outros ingredientes naturais".
O estudo in vivo comparando óleos vegetais e petrolatum que encontramos²
A Oclusão da pele é uma ótima forma de hidratá-la pois a verdadeira hidratação da pele vem "de dentro" por se tratar de um tecido vivo. Então agentes oclusivos são ótimos se usados no tecido cutâneo. Não podemos afirmar o mesmo a respeito do tecido "morto" dos fios de cabelo.
Quer ver outras respostas do Cabeleira em Pé à este tipo de matéria? Escolha um dos links abaixo:
É nítido que existe uma grande confusão dentro da comunidade Low Poo e No Poo no Brasil.
Propagou-se a concepção errônea de que os "vilões" da técnica são os derivados de petróleo.
Não são. Aderir a estas técnicas significa abrir mão de surfactantes fortes como o Sodium Lauryl Sulfate.
Deixamos de usar alguns derivados de petróleo pois nota-se na prática a ineficiência de surfactantes leves na limpeza destes petroderivados.
Nem todos os derivados de petróleo são proibidos para as técnicas. Entenda mais sobre o assunto e descubra uma Lista de derivados de petróleo Proibidos para Shampoo Leve (Low Poo) e Sem Shampoo (No Poo). |
O que nos leva ao próximo ponto:
Ainda que os petrolatos não sejam solúveis em água, a presença desses tensoativos nos xampus e na própria emulsão que veiculou os petrolatos até o cabelo permite que essas substâncias sejam carregadas pela água da lavagem.
Nós sinceramente gostaríamos de ter acesso a estes estudos. Sempre ouvimos a colocação de que os shampoos com surfactantes leves, ou os surfactantes/tensoativos dos condicionadores usados no cowash não são suficientes para retirar os resíduos de "petrolatos" dos fios.
O Cabeleira em Pé desaconselha o uso de produtos com "petrolatos" se você não usa shampoo ou quando seu shampoo é do tipo sem sulfato. |
Quando eventualmente usamos por engano algum produto com petroderivados "proibidos" notamos o cabelo pesado e com aparência sebosa, sensação que é dissolvida com o uso de um shampoo com detergentes fortes seguida da interrupção de uso do produto "proibido".
Esta sensação de emplastramento dos cabelos decorrente do uso de 'petrolatos' foi trazida à tona no programa Bem Estar na Globo. |
A única fonte que encontramos falando a respeito disso é o já citado livro da Audrey³. Adoraríamos ter acesso aos seus materiais que falam a respeito da eficiência dos shampoos leves na limpeza de petroderivados.
Leia a terceira e última parte da Resposta ao artigo "O uso do petrolato e de outros derivados de petróleo nos cabelos" do Cosmética em foco. |
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¹ Masukawa, Y. ; Narita, H. & Imokawa, G. (2005). Characterization of the lipid composition at the proximal root regions of human hair. Journal of Cosmetic Science ed. 56 v. 1. pp. 1-16
² Patzelt, A. & Cols. (2012). In vivo investigations on the penetration of various oils and their influence on the skin barrier. Skin Research and Technology v.18 n.3.
³ Audrey Davis-Sivasothy. (2011). The Science of Black Hair: A Comprehensive Guide to Textured Hair. SAJA Publishing Company.